Nas duas últimas eleições para o CFESS fiz duas poesias, uma para a chapa “Atitude Critica para avançar na luta” que vai finalizando sua brilhante e ousada gestão e, agora em 2011 para a chapa “tempo de luta e resistência”. Bem, talvez alguém indague, dá certo misturar poesia com política, com um projeto de profissão, com chapas do CFESS?
Diria, a tais desavisados, que estas poesias são moldadas pelo mesmo cimento que faz história, ela não se inscreve por acaso, e sim insculpidas pelas nossas ações, palavras e pelo combate diário.
A poesia faz parte do antagonismo, da dualidade. Viaja da poesia romântica de Byron, Rimbaud à poesia moderna de Bandeira, de Drummond. A poesia é a delicadeza da arte de Cora Coralina e a acidez necessária de Hilda Hilst. É antropofágica e bucólica, é o verso de Patativa do Assaré que fala do povo e da cultura nordestina, mas, é, também, o anseio das multidões que se traduz nos versos de Maiakovski: REVOLUÇÃO.
A poesia se inscreve e preenche todos os espaços, cantos e recantos. O poeta Gentileza, por exemplo, espalhou sua poesia nos muros. A poesia é o teatro do oprimido. É o amor parnasiano, mas é, também, indignação e política. É a vida cotidiana revelada em metáforas. A poesia é um pedaço de todo mundo em estrofes ou redondilhas, é sem dúvida uma chave-mestra que nos liberta de nossas pequenas e grandes prisões.
Pela janela da poesia podemos ver o sol indo descansar no estuário do Potengi, a feiúra das misérias humanas, a esperança e fé do povo sertanejo em mais um dia de seca e fome. Desta mesma janela dá para ver o belo e o feio da vida em suas contradições latentes. Ver o amor, a amizade, ver até a felicidade, o companheirismo, saudades. Ver a desigualdade social e a corrupção descarada deste país. Cores reais e nítidas passeiam pela poesia. A poesia fala, denuncia... Ela é diversa, exprime o idílio e a revolta.
Por isto, posso dizer que fazer poesia para esta chapa é resgatar o lirismo e combiná-lo com o protagonismo de cada integrante da chapa. A poesia se explicita em cada conquista do conjunto CFESS-CRESS; é a aprovação do PL 30 horas, são as resoluções do CFESS que fortalecem e legitimam cada vez mais o Serviço Social como uma profissão afinada com as demandas da classe trabalhadora.
A poesia é ver nossa categoria em encontros, debates, conferências, em marcha por Brasília unificada pela luta e resistência de uma profissão que entre tantas batalhas da vida, constrói sua própria poesia por meio da luta coletiva. Poesia é ver o Serviço Social em movimento. Poesia é ter a companheira Sâmya coordenando esta chapa, que conheci quando eu fazia movimento estudantil e ela já militava na ABEPSS, com sua ética afinada, com a política vazando pelos poros, com sua elegância na alma, com um encanto de ser a própria poesia.
Sabe o que é poesia? É ver tantas companheiras/os disponibilizando horas de trabalho militante para esta profissão, abdicando de tempo com suas famílias e amores e se dedicando ao nosso projeto coletivo. Poesia é romper caminho numa conjuntura tão adversa e ter esperança de construir uma sociedade socialista.
Por isso apoio e me inspiro nesta chapa... pois todas as horas em que lutamos face às formas de opressão e exploração, estamos buscando a liberdade de expressão política, o nosso afeto, o nosso corpo, a liberdade de poder e ter onde trabalhar, plantar, colher, buscando a liberdade de fazer deste blog e de mais uma eleição para o CFESS um canto de poesia, de luta e resistência. É tempo sim, de fazer poesia... (Andréa Lima - Profa. UFRN)
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